Para apaziguar minha a verve
contundente (e até meio venenosa), resolvi dedicar parte da noite à leitura
textos de Martha Medeiros. Tudo parecia caminhar bem até que me deparei com a seguinte citação da referida autora: EXCESSO DE EXPECTATIVA É O
CAMINHO MAIS CURTO PARA A FRUSTRAÇÃO. Do ponto de vista pragmático, nada mais
adequado. Mas quem verdadeiramente
consegue?
Hoje pessoas tatuam no corpo “enjoy”,
dizem “eu quero ser feliz e mais nada” e adotam como filosofia de vida a ideia
do Carpe diem (numa perspectiva que
longe de significar “aproveite o dia” melhor se traduziria como “se aproveite das
pessoas”). Uma lástima, certo? O pior é perceber quem bons corações vão
endurecendo nesse incessante processo de dor, cicatrização e novas mágoas. Para não ficarem vulneráveis à decepção
novamente, muitos deixam de AMAR e começam a USAR os outros. A lógica torta que adotam é
bem simples: se alguém há de sofrer, que não seja eu!
Todos nós, em algum momento, já sentimos a tentação de fazer algo assim. Contudo, para abrir mão de tal intento, basta recordarmos de um simples verso do poeta Augusto Branco: CADA
UM OFERECE O QUE TEM E TRANSBORDA DE DENTRO DE SI. Por isso, digo com convicção: recuse-se a ofertar o desolamento que lhe impuseram quando o
que habita em você são genuínos sentimentos e a estranha, persistente e
inesgotável crença de que ainda vale a pena acreditar.
Se desdenharam da sua boa fé e partiram, a derrota e a perda certamente não foram suas. Ninguém é culpado por evidenciar o que tem de melhor. Falsear e agir sem preocupação com os sentimentos alheios, converte um nobre em ignóbil e diminuto. No dia que se sentir impelida à desilusão, diga, se oportunidade houver, àquele que lhe causou decepção e pesar:
"Você não é o epicentro do mundo! Em toda relação, quem está do seu lado (ficante, namorada, noiva, esposa ou quaisquer outras designações) é uma PESSOA dotada de sentimentos e que traz consigo uma bagagem emocional (muitas vezes até mais pesada do que a sua). As emoções alheias jamais devem ser usadas como joguetes. Portanto, não seja leviano!"
Falou? Ficou mais leve? Ótimo! Agora encerre a história. Não supervalorize quem não soube reconhecer suas virtudes. Siga com a fé inabalável. Afinal, como recentemente disse uma amiga
querida:
- A frieza dos outros jamais deve ser suficiente para congelar um coração (principalmente o seu). Capiche, cara ?
(Ana Paula, 19/02/2013).
*texto dedicado para a minha amiga Suzane César.
