Desperdiçamos tanto sentimento com aqueles que não estão dispostos a recebê-lo, que, muitas vezes, nos sentimos exaustos, drenados e fatalistas diante do futuro. Passamos a visitar costumeiramente o limbo onde jazem nossos amores mortos, choramos novamente as lágrimas da perda e cobrimos o rosto e o coração com as negras vestes da viuvez. Entretanto, mesmo o mais lastimoso réquiem² precisa findar um dia.
A vida não se alimenta da morte e a felicidade tampouco pode ser nutrida pelas frustrações e dores advindas de histórias que já pereceram. Devemos reconhecer o momento de ir, de deixar para trás aquilo que já não reluz. A esperança há de transparecer sob o véu da desilusão. Afinal, as lembranças de momentos vividos ocupam a mente, mas não preenchem um coração. Que não sejamos, pois, cadáveres vagando sem norte por uma existência perdida.
(Ana, 19/05)

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