5h45min.
Segunda-feira. A melodiosa voz da diva Rihanna toca em uníssono em três
celulares anunciando um novo dia. Acordo disposta, loira e fagueira. Ansiosa
para dispender energia na digna missão proletária que me cabe. Depois de
ministrar aulas em duas escolas, elaborar uma prova e visitar a terceira
instituição, resolvo dedicar algumas horas à necessária manutenção de meus
hábitos peruísticos. Missão da tarde: unir com queratina alguns fios loiros das
minhas recém-adquiridas madeixas de Barbie Rapunzel. Não poderia estar mais
feliz.
Depois de horas
de expectativa, minha querida “assessora para suprimentos capilares” (leia-se
cabeleireira) quase verte vômito nos meus cabelos e pede para interromper o
atendimento. Embora contrariada, aceito sem grandes alardes (afinal, sou um ser
de luz e me compadeço diante da dor alheia). Resolvo então lanchar e, depois de
usar o wi-fi do estabelecimento sem a menor moderação e de consumir calorias
(não sem culpa), descubro que há de tudo um pouco na minha bolsa. Menos a carteira
e o dinheiro para pagar a conta. Olho para a francesinha em minhas unhas e
visualizo seu desgaste enquanto lavo pratos para sanar a dívida do Habib's
(suntuosos R$6,80).
Depois de deixar um
documento, lançar meu olhar suplicante para a atendente e assumir um ar de
humildade e de subserviência (que não me caem bem), enfrento um trânsito
caótico, busco a tal carteira, pago a conta e ainda tenho que sobreviver uma
vez mais ao engarrafamento enlouquecedor e à chuva para retornar ao meu amado
lar. E o mais desesperador? Só agora percebo que o trabalho inacabado deixou
uma mecha laranja na minha longa cabeleira. Pronto. Agora pareço uma
adolescente que resolveu colorir os fios com papel crepom. Ainda bem que o
carnaval está próximo e posso alegar que adotei um visual temático. Estou
fantasiada de Curupira pelos próximos dias... Alicia Keys já pode cantar para
mim: "this girl is on fire..." #socorro!

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