domingo, 3 de março de 2013

CRÔNICA DE UMA CEARENSE M GYN (PARTE XII)


Episódio de hoje: Quem nasce para rei nunca perde a arrogância...


 


Dias desses, uma bem intencionada amiga resolveu movimentar a minha vida sentimental. Para tanto, a caridosa alma realizou uma triagem entre familiares, amigos e conhecidos e, depois de cuidadosa análise, declarou que já tinha em mente a pessoa perfeita para ser a minha alma gêmea, a metade da laranja, a tampa da panela e todas as demais associações ridículas que costumam fazer aos casais. 
Uma vez convocada, iniciei a "Operação Macgaiver" de resgate da autoimagem potencializada. Uma hora depois, eu já estava no meu mais digno look. Entretanto, as expectativas foram infinitamente superiores à realidade e gastei pancake e sais de banho à toa...
 O moçoilo provou ser possuidor de uma  empáfia muito maior do que seu charme. Ele já começou a conversa falando quatro vezes o sobrenome (para jogar na minha cara o próprio pedigree). Em contrapartida, embora eu tenha dito o meu nome mais de uma fez, fui insistentemente tratada por "minha linda" e "coração". Quando falei a minha profissão,  fui "agraciada" com um olhar de lástima e, compadecido, o bem amado disse:
- Entendo. Toda profissão é digna, mesmo as menos valorizadas...
As trombetas do Apocalipse foram a trilha sonora desse momento. Mesmo diante de um olhar de advertência que intimidaria o mais corajoso gladiador em pleno Coliseu,  fui ainda premiada com outras pérolas, dentre as quais destaco: 
- Você sente muita saudade de Recife, 'anjo'? 
- Não sou de Pernambuco!!!! Falei para você que sou cearense!!!!
- Verdade. Mas e daí né, 'lindinha'? É tudo Nordeste, praia e tapioca.
Após rir (solitário) da própria piada, o boy magia sacou seu Galaxy S3 para mostrar fotos da casa de campo da família e registros ao lado de cantores e políticos goianos. Falou de novo o sobrenome e, quando percebeu meu pouco caso, disse em tom de revolta:
- Uai, moça! Nunca ouviu falar da minha família? Somos tradicionais aqui em Goiânia. Pessoas de muita influência.
A tênue linha que mantinha meu compromisso com a bondade rompeu e disparei então:
 - Moço, eu não sou de Goiânia. Daqui só conheço os astros da música regional. Você forma dupla sertaneja com um dos seus irmãos?
- Não.
- Não? Está explicado. Por isso não sei quem você é!
 Resultado: foi o encontro mais breve da história da “xavecação” goianiense. Parti aliviada para o meu lar proletário. E o garboso rapaz? Depois de não ter sua estirpe reconhecida e aclamada, podemos assim definir o seu estado: #chateado!

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