terça-feira, 11 de dezembro de 2012

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN (PARTE X)


Episódio de hoje: Meu mundo caiu... 



     Já dizia o célebre filósofo inglês Francis Bacon: “A discrição é para a alma o que o pudor é para o corpo”. Compreendi tal pensamento no último sábado, quando minha alma foi profanada e o meu corpo padeceu das consequências nefastas de uma fatalidade presenciada por muitos. Segue o relato de uma noite impactante (literal e figurativamente):
     O final de semana foi programado com esmero e aguardado com grande expectativa, pois seria a comemoração de aniversário de uma cara amiga. Às onze da manhã, estava estática enquanto meu ‘personal hair stylist’ retocava o tom ‘blond’ de minhas madeixas e minha manicura polia unhas de porcelana recém-adquiridas.
   Cerca de três horas depois, eu já ostentava um look loiro Malibu que deixaria Pamela Anderson enrijecida de inveja. Para tornar a preparação ainda mais movimentada, encontrei, na casa da aniversariante, outras cinco amigas e começamos a “Operação Macgaver” de maquiagem e vestuário. Parecia back stage de SPW, com muitos adereços e apenas um espelho (disputado quase a tapas pelas moçoilas em seu afã de tornar mais apresentáveis figuras já belas e atraentes).
    No alto do meu salto 15 e serelepe em um vestido all-in-one (daqueles que simulam saia e blusa), segui com as meninas para o nosso destino habitual: Santa Fé Hall, a mais famosa boate sertaneja da capital. Observávamos os agroboys movimentarem desajeitadamente o corpo (uma versão bizarra de Locomia country) e as curicas espetaculosas com mega hair de fios de nylon, maquiagens de boneca inflável e roupas possivelmente surrupiadas de suas irmãs infantes (daquelas que de tão diminutas deixam pouco para a imaginação) caminharem em busca de um alma caridosa disposta a lhes oferecer um combo de Old Parr.
    Do camarote, acompanhava toda a movimentação e, depois de uma breve participação especial na pista de dança (com direito a giros performáticos e o famoso “salto da gazela”), resolvi abraçar o anonimato. Permaneci quieta, melancólica e introspectiva por preciosos minutos. Meu pensamento voou embalado por pérolas da música sertaneja (tche re tche tche, bará bará bará e Tchu tchu tcha). Levantei para falar com uma amiga e, num lance hollywoodiano, tal como o Titanic me deparei com uma barreira glacial (em proporção obviamente menor). Em suma: escorreguei em uma pedra de  gelo e caí sem o menor glamour. Aqueles que não assistiram à queda certamente a ouviram, pois numa tentativa mal sucedida de salvação agarrei a mesa e acabei levando comigo ao chão copos e até uma garrafa. Dez minutos depois, ainda estava presa ao solo pela força da gravidade e intensidade da dor.
    Resultado: fui amparada pelos amigos, segui para casa de táxi e ainda não sei definir o exato local que dói, pois democraticamente as demais partes do meu corpo aderiram ao sofrimento. Não adianta contudo chorar pelo tombo presenciado. Como bem cantou Maysa : “Se meu mundo caiu, eu que aprenda a levantar”. Pois bem, sigamos....

2 comentários:

  1. Ana, minha cara, nao consegui segurar um riso que escapou pelos cantos dos labios....rs

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  2. Seu riso e meu drama, cara Luciana... rs

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