terça-feira, 26 de março de 2013

MARIA DO BAIRRO NO DIVÃ

TEMA DE HOJE: GOODBYE, ALICE!




Nada dói mais do que o abandono. Quando nos voltamos para alguém e suplicamos “me dê a sua mão”, esperamos que o outro (ainda que não motivado pelo amor, mas impelido pela natural solidariedade humana) parta em nosso socorro, pois temos o estranho hábito de pautar nossas expectativas em relação aos demais a partir daquilo que faríamos se ocupássemos o mesmo lugar. Ledo engano. 

Decepcionamo-nos porque o julgamento que fazíamos do nosso par cai por terra. Afinal, a fantasia forja a ideia de que o objeto do nosso afeto sempre será virtuoso, solidário, nobre e generoso. Consternador é perceber que essa imagem se desfaz nas brumas da realidade. Como compôs a cantora e poetisa estadunidense Jewel, o mais provável é que nossos anseios apenas representassem o reflexo de nossas mentes solitárias querendo o que faltava em nossas vidas. 

O sofrimento advindo dessa percepção é viciante. Embora saibamos que precisamos abandonar a desolação – já que a felicidade é questão de atitude e não mera dádiva concedida pelo destino- não raras vezes prolongamos indefinidamente nossos lamentos e ostentamos a autocomiseração como bandeira. Queremos de volta a utopia, mesmo sabendo da sua insustentabilidade diante daquilo que já experimentamos. E o pior de tudo? Percebemos que a paixão se mantém apesar de retirado o véu da idealização.

Lutamos em vão numa tentativa de seguir associando a existência à perfeição dos mais belos sonhos. Entretanto, a verdade já foi descortinada e as antigas quimeras estão mortas. Fato: os corações virtuosos estão cada vez mais raros e, provavelmente, os poucos existentes são submetidos aos mesmos desencantos que nos acometem. Resta-nos preservar (embora precariamente) a nossa essência. Precisamos dar adeus à Alice, mas seguir trilhando a “estrada de tijolos amarelos” em busca de um frágil e breve, contudo, único e genuíno estágio de êxtase... Apesar de adversa e cruel, a realidade pode vir a superar as lindas mentiras que sustentaram nossos castelos de ilusões. Que a esperança no porvir também não nos desampare!

segunda-feira, 18 de março de 2013

Sobre o vazio que você deixou...



A essência da despedida é a dor, mesmo quando dizemos adeus ao que não se realizou. Afinal, as expectativas que nutrimos também ganham vida e são continuamente fortalecidas pela nossa boa fé. Por isso, é lícita a tristeza e compreensível a saudade pelo que poderia ter sido. Amarga é falta dos afagos jamais dados e a ausência do calor nunca sentido... Eis a morte do sonho, o apagamento de um porvir... Uma separação tão dolorosa que, se possível fosse, tal como versou Shakespeare, eu diria “boa noite” até que amanhecesse o dia... (Ana)

♥ I miss you, angel! ♥

domingo, 3 de março de 2013

CRÔNICA DE UMA CEARENSE M GYN (PARTE XII)


Episódio de hoje: Quem nasce para rei nunca perde a arrogância...


 


Dias desses, uma bem intencionada amiga resolveu movimentar a minha vida sentimental. Para tanto, a caridosa alma realizou uma triagem entre familiares, amigos e conhecidos e, depois de cuidadosa análise, declarou que já tinha em mente a pessoa perfeita para ser a minha alma gêmea, a metade da laranja, a tampa da panela e todas as demais associações ridículas que costumam fazer aos casais. 
Uma vez convocada, iniciei a "Operação Macgaiver" de resgate da autoimagem potencializada. Uma hora depois, eu já estava no meu mais digno look. Entretanto, as expectativas foram infinitamente superiores à realidade e gastei pancake e sais de banho à toa...
 O moçoilo provou ser possuidor de uma  empáfia muito maior do que seu charme. Ele já começou a conversa falando quatro vezes o sobrenome (para jogar na minha cara o próprio pedigree). Em contrapartida, embora eu tenha dito o meu nome mais de uma fez, fui insistentemente tratada por "minha linda" e "coração". Quando falei a minha profissão,  fui "agraciada" com um olhar de lástima e, compadecido, o bem amado disse:
- Entendo. Toda profissão é digna, mesmo as menos valorizadas...
As trombetas do Apocalipse foram a trilha sonora desse momento. Mesmo diante de um olhar de advertência que intimidaria o mais corajoso gladiador em pleno Coliseu,  fui ainda premiada com outras pérolas, dentre as quais destaco: 
- Você sente muita saudade de Recife, 'anjo'? 
- Não sou de Pernambuco!!!! Falei para você que sou cearense!!!!
- Verdade. Mas e daí né, 'lindinha'? É tudo Nordeste, praia e tapioca.
Após rir (solitário) da própria piada, o boy magia sacou seu Galaxy S3 para mostrar fotos da casa de campo da família e registros ao lado de cantores e políticos goianos. Falou de novo o sobrenome e, quando percebeu meu pouco caso, disse em tom de revolta:
- Uai, moça! Nunca ouviu falar da minha família? Somos tradicionais aqui em Goiânia. Pessoas de muita influência.
A tênue linha que mantinha meu compromisso com a bondade rompeu e disparei então:
 - Moço, eu não sou de Goiânia. Daqui só conheço os astros da música regional. Você forma dupla sertaneja com um dos seus irmãos?
- Não.
- Não? Está explicado. Por isso não sei quem você é!
 Resultado: foi o encontro mais breve da história da “xavecação” goianiense. Parti aliviada para o meu lar proletário. E o garboso rapaz? Depois de não ter sua estirpe reconhecida e aclamada, podemos assim definir o seu estado: #chateado!

INFORME DE UTILIDADE PÚBLICA (II)







 



Começou a "piracema" dos “Pseudoemergentes”, das "PerigueSandys" e dos "Boys Magia" em Gyn. Reconhecê-los é fácil. O modus operandi de tais seres consiste em:

1) Passar dois dias em São Paulo ou Nova York (dependo da quantidade de milhas acumuladas) e voltar com sotaque;
2) Descer combo de Old Parr na balada e comer macarrão instântaneo o resto da semana para economizar;
3) "Causar" nas festinhas com uma Hollister comprada em Campinas e criticar duramente aqueles que usam a nova coleção outono-inverno da C&A;
4) Declarar que odeia música sertaneja e entoar hits internacionais com uma pronúncia inglesa mais manchada do que tatuagem de lutador russo;
5) Usar vasilha de plástico das promoções do Jornal Daqui, contudo não emprestar ao vizinho porque jura que são legítimas "tuperwares".
6) Parecer elegante, porém fazer coreografias e descer até o chão no baile funk do Shangri-lá;
7) Alardear que é culta, entretanto acreditar que Cora Coralina foi musa de rodeio e que Pedro & Ludovico formaram uma famosa dupla sertaneja;
8) Criticar duramente todos os produtos da terra, mas encontrar a sua felicidade numa garrafinha de Goianinho...


Se pelo menos dois dos cinco indícios aqui apresentados forem aplicados... Fuja! A pessoa em questão é mais falsa do que umbigo de Adão. #ficaadica.