segunda-feira, 17 de junho de 2013

Libertas quae sera tamen

Em certa altura da vida, quer por astúcia quer por instinto, percebemos que o sentimento não correspondido é um cativeiro. Nele somos encarcerados pelas nossas expectativas e lá permanecemos sofrendo às escuras. Vez por outra nos é concedida a graça de um encontro furtivo e agradecemos resignados por migalhas de atenção e de afeto. Acreditamos que as correntes que nos prendem são inquebrantáveis e encaramos com temor o futuro além das grades. Aprendemos a clamar pelas amarras e cavamos com mãos ansiosas o fosso que passamos a habitar. Não percebemos quão humilhante é a condição que assumimos e seguimos servis diante de aviltante descaso. Eis que um dia o amor-próprio força a entrada e somos retirados dessa prisão sem chaves, sem grades e sem muros... Percebemos então que a liberdade sempre esteve ao nosso alcance e que o medo de não sermos amados foi o que nos deteve, fazendo de nós escravos. (Ana Paula, 16/06)

Nenhum comentário:

Postar um comentário