quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN (PARTE VII)


Episódio de hoje: Elemento possuidor de beleza impenetrável com síndrome de Adônis... 

Segundo o filósofo e historiador escocês David Hume, a beleza das coisas está o espírito daquele que a contempla. Pois bem, a história que segue comprova que, de fato, nem todos têm propriedade para reconhecer o que é belo...
Certa vez, enquanto discutia com alguns conhecidos o padrão de beleza na atualidade, fui surpreendida pela seguinte declaração:
- Ei, falando em beleza... Eita povinho feio esse do Nordeste, viu? Fui lá de férias e só vi dragão... (detalhe: a pessoa em questão aparentemente esqueceu que Fortaleza é uma capital nordestina). 
Nesse instante, dentro me mim foi travado um conflito entre meu temperamento herdado de meus antepassados cangaceiros e a polidez e o autocontrole que tenho tentado desenvolver no decorrer da vida. Repeti alguns mantras que aprendi recentemente, contei de 1 a 1.100 (numa rapidez digna de uma X-men) e ostentando o meu sorriso mais ensaiado, declarei:
- Caríssimo, darei a você uma sugestão: se beleza é o que busca em suas viagens, substitua os destinos nordestinos por São Paulo e frequente o Fashion Week.  
O “desavisado” ainda insistiu:
- Uai, a senhora ficou ofendidinha?
Aí meu compromisso com a bondade foi rompido. Perguntei num tom perigosamente calmo:
- Você fez essa ponderação sozinho, meu bem?
De súbito, ouvi:
- Sim.
E devolvi:
- Nesse caso não me ofendo. Quando tal declaração partir de alguém verdadeiramente agraciado pela beleza, começarei a me preocupar...
Moral: Se o seu reflexo é a única referência que possui, procure ser tolerante diante da falta de atributos alheios e evite fazer comentários preconceituosos. Afinal, os demais são obrigados a exercitar a benevolência com você diariamente...

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