domingo, 18 de novembro de 2012

Mais uma vez sobre os 50 tons...


Recentemente, fui advertida por tecer comentários sobre “50 tons de cinza” e, tendo em vista a minha natureza subversiva, resolvi voltar ao assunto e estender as minhas considerações. Aqueles que buscam um enredo bem engendrado devem fugir da trilogia de E.L. James. Sinceramente não compreendo o estardalhaço criado em torno desses livros. Há quem veja na natureza atormentada de Christian Grey e nas reações de Anastasia Steele um exemplo chauvinista de submissão. Considero isso uma falácia. Em tempos líquidos (nos termos de Bauman), quando nada é feito para durar, a ideia de um homem forte, apaixonado e protetor é um verdadeiro ópio para a mente feminina. Na prática, considero a obra moralista. Nela um indivíduo, que é a súmula do pecado na descrição e nos atos, projeta na conduta sexual os traumas vividos na infância. É a sensação do controle que o convence de que não voltará a ser indefeso e impotente como no passado. O sentimento que nutre pela jovem Ana, entretanto, desnuda sua fragilidade e as tão propaladas passagens ‘apimentadas’ se tornam cada vez menos frequentes na narrativa. Eis que surge o amor como redenção, libertando o protagonista de seus medos e traumas (nada mais romântico e piegas). Por fim, até mesmo a presença constante do sexo na narrativa não pode ser encarada como algo estarrecedor. Garanto que Anne Rice (ou Anne Rampling) com suas incursões no mundo sobrenatural delineia uma tensão sexual muito mais latente e ainda aborda em seus romances temas, tais como: homossexualismo, ateísmo, imortalidade e vaidade. Logo, diante de outras obras –menos badaladas pela mídia e aclamadas pelos círculos literários- os “50 tons” perdem a obscuridade e ganham a aura encantadora das cores do arco-íris.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário