Em certa oportunidade, ouvi que cada mulher tem a vida amorosa que deseja possuir. Inicialmente, fiquei possessa e completamente desconcertada (em especial, quando resgatei do “limbo da memória” meus fantasmas e frustrações). Entretanto, hoje admito: FATO! As dores e decepções que enfrentamos, em grande parte, resultam da forma descuidada com a qual lidamos com nossos sentimentos.
Garimpamos qualidades em pessoas muito aquém das nossas expectativas e nos permitimos viver pseudorrelacionamentos no temor de permanecermos sós. Há ainda ocasiões nas quais, diante do desencanto da busca (ou odisseia) pelo amor, “vomitamos” o falso discurso de autossuficiência e tentamos convencer o mundo (e a nós mesmas) de que a condição de “solterice” é escolha, quase uma filosofia de vida (sustentada por manuais de autoajuda e psicólogos de talk show). Ostentamos sorrisos de superioridade enquanto, no íntimo, seguimos frágeis e dilaceradas.
Vejo
diuturnamente aqui nas redes sociais publicações sobre a vilania masculina,
entretanto, garotas, admitamos: OS HOMENS FAZEM CONOSCO AQUILO QUE NÓS
PERMITIMOS. Vamos, pois, abandonar a vitimização e encara a verdade: somos
nossos próprios algozes. Golpeamo-nos quando buscamos justificativas para os
erros do outro, lemos as atitudes mais corriqueiras como grandes declarações de
amor eterno e insistimos em acreditar nos enredos folhetinescos que insistem na
fórmula: mocinha boa + galã virtuoso = final feliz.
Mesmo
a paixão cegando nosso discernimento, há sempre um lapso de lucidez que nos faz
perceber quando uma história foi feita para não durar e a insistência (nesses
casos) é imprudência muito mais do que sinal de coragem. Podemos desfilar
qualidades diante dos olhos do moçoilo, atender a todas as predileções dele e
adaptar aparência e gostos ao que apetece ao nosso par e, mesmo assim, o mais
provável e que o percamos (e nos percamos) no caminho. Fatalismo? Não.
Experiência de vida.
Príncipes
encantados e amores perfeitos são ilusórios. O que realmente existe são pessoas
dotadas de qualidades e defeitos, que buscam incessantemente a felicidade.
Quando uma das partes não demonstra pré-disposição para fazer dar certo, a
possibilidade de êxito praticamente inexiste e, se a relação está moribunda e decidimos
tentar repetidas vezes, devemos reconhecer no derradeiro dia que a falha também
é nossa por não termos a sapiência de aceitar que nem sempre o que desejamos
conquistar é aquilo que nos convém. Por fim, perseverar demasiadamente em
amorés falidos só aumentará o peso do insucesso.
Em
outras palavras: "Insistir naquilo que já não existe, é como calçar um
sapato que não te cabe mais ! Machuca, causa bolhas, chega à carne viva e
sangra ... Então melhor é ficar descalça . Deixar livre o coração , enquanto
vive ... Deixar livre os pés , enquanto cresce ... Porque quando a gente cresce
o número muda!"
Hoje
sei. Meu número já mudou. E o seu?
(ANA, 14/04/2013)
