quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

COMO CRIAR UMA "DIVA" NO ATUAL CENÁRIO MUSICAL BRASILEIRO:









1. Coloque uma mulher feia de lingerie e com mega hair defeituoso cantando uma versão "capenga" de um grande sucesso internacional; 
2. Fuja completamente da letra da música e crie uma nova "roupagem" com muitos agudos e gemidos (para parecer sexy); 
3. Produza um clipe em um galpão ou lixão (o caos virou pop) e arrume um vestido de debutante com tecido bufante, que possa voar mediante a colocação estratégica de um ventilador com haste (do tipo que as Casas Bahia vendem em até 12 parcelas); 
4. Minta repetidas vezes à "estrela em ascensão" dizendo que ela é linda, canta bem e tem uma pronúncia impecável do inglês (uma espécie de britânica 'mande in' Terra Brasilis); 
4. Pegue uma música bacana que demorou meses para ser produzida num estúdio magnífico e destrua completamente todos os arranjos.
5. Contrate algumas dançarinas de axé (que acreditem ter o talento da primeira bailarina do teatro municipal) e ache alguns go go boys com o novo topete loiro do Neymar e mande-os treinar uma coreografia bem tosca, que mescle passos e espasmos. 
Pronto! Pode lançar. E jamais esqueça: capacidade vocal, afinação e talento são secundários... Afinal, a maior parte das "estrelas' atuais faz de tudo um pouco (menos cantar). #ficaadica
p.s. Se a "diva" tiver ainda um parente na indústria musical e amigos influentes, você terá nas mãos uma mina de ouro. Prova disso é Preta Gil (escolhida para ilustrar o post). Aqui ela aparece com o cabelo da Lady Gaga, maquiagem inspirada em Cleópatra e um vestido da linha "sustentável" (feito com sacos de lixo). Tudo num só look! Quanta "atitude", meu Deus!

* Bônus: PARA QUEM QUER RIR MUITO... 
Na mesma vertente, segue uma versão pauper da belíssima Beyoncé (tive náuseas quando vi). Argh! http://www.youtube.com/watch?v=NCyJL8WG1m4

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Os poços da fantasia secaram? .



(Imagem disponível em <http://colunistas.ig.com.br/guilhermebarros/2010/04/22/vendas-online-para-o-filme-%E2%80%9Calice-no-pais-das-maravilhas%E2%80%9D-serao-feitas-pela-ingresso-com/>. Acesso: dez. 2012) 



A maturidade é, por vezes, uma condenação. Ela dificulta a missão de enganar a si mesmo, exige que os demais sejam mais criativos quando desejam nos ludibriar (eis o mais difícil, pois inteligência e criatividade são cada vez mais raras) e torna diminuta a tolerância com a desfaçatez alheia. Não sei se estou mais perspicaz ou se os outros estão demasiadamente óbvios...

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN - PARTE XI


Episódio de hoje: 2012 - O Armagedon já começou!


Enquanto aguardava na fila para pagar o estacionamento, flagrei o seguinte diálogo:
- Cara, dizem que o mundo vai acabar amanhã. Cê pira?! Credito não...
- Véi, cê num viu? Terça choveu até GRANITO em Goiânia... 
Não sou uma pessoa sugestionável, mas confesso: agora fiquei preocupada... Será um prenúncio do fim? Por precaução, penso em incorporar o uso de uma réplica do capacete Darth Vader ao meu cotidiano. Afinal, prudência nunca é demais... 

P.s. Segue uma foto daquilo que, segundo o interlocutor, caiu do céu em Gyn. #medo

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN (PARTE X)


Episódio de hoje: Meu mundo caiu... 



     Já dizia o célebre filósofo inglês Francis Bacon: “A discrição é para a alma o que o pudor é para o corpo”. Compreendi tal pensamento no último sábado, quando minha alma foi profanada e o meu corpo padeceu das consequências nefastas de uma fatalidade presenciada por muitos. Segue o relato de uma noite impactante (literal e figurativamente):
     O final de semana foi programado com esmero e aguardado com grande expectativa, pois seria a comemoração de aniversário de uma cara amiga. Às onze da manhã, estava estática enquanto meu ‘personal hair stylist’ retocava o tom ‘blond’ de minhas madeixas e minha manicura polia unhas de porcelana recém-adquiridas.
   Cerca de três horas depois, eu já ostentava um look loiro Malibu que deixaria Pamela Anderson enrijecida de inveja. Para tornar a preparação ainda mais movimentada, encontrei, na casa da aniversariante, outras cinco amigas e começamos a “Operação Macgaver” de maquiagem e vestuário. Parecia back stage de SPW, com muitos adereços e apenas um espelho (disputado quase a tapas pelas moçoilas em seu afã de tornar mais apresentáveis figuras já belas e atraentes).
    No alto do meu salto 15 e serelepe em um vestido all-in-one (daqueles que simulam saia e blusa), segui com as meninas para o nosso destino habitual: Santa Fé Hall, a mais famosa boate sertaneja da capital. Observávamos os agroboys movimentarem desajeitadamente o corpo (uma versão bizarra de Locomia country) e as curicas espetaculosas com mega hair de fios de nylon, maquiagens de boneca inflável e roupas possivelmente surrupiadas de suas irmãs infantes (daquelas que de tão diminutas deixam pouco para a imaginação) caminharem em busca de um alma caridosa disposta a lhes oferecer um combo de Old Parr.
    Do camarote, acompanhava toda a movimentação e, depois de uma breve participação especial na pista de dança (com direito a giros performáticos e o famoso “salto da gazela”), resolvi abraçar o anonimato. Permaneci quieta, melancólica e introspectiva por preciosos minutos. Meu pensamento voou embalado por pérolas da música sertaneja (tche re tche tche, bará bará bará e Tchu tchu tcha). Levantei para falar com uma amiga e, num lance hollywoodiano, tal como o Titanic me deparei com uma barreira glacial (em proporção obviamente menor). Em suma: escorreguei em uma pedra de  gelo e caí sem o menor glamour. Aqueles que não assistiram à queda certamente a ouviram, pois numa tentativa mal sucedida de salvação agarrei a mesa e acabei levando comigo ao chão copos e até uma garrafa. Dez minutos depois, ainda estava presa ao solo pela força da gravidade e intensidade da dor.
    Resultado: fui amparada pelos amigos, segui para casa de táxi e ainda não sei definir o exato local que dói, pois democraticamente as demais partes do meu corpo aderiram ao sofrimento. Não adianta contudo chorar pelo tombo presenciado. Como bem cantou Maysa : “Se meu mundo caiu, eu que aprenda a levantar”. Pois bem, sigamos....

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN - PARTE IX



Episódio de hoje: “Nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que brilha é diamante!”

(Imagem disponível em http://www.alturasepesos.com.br/letra-b/172-altura-e-peso-de-ben-affleck.html. Acesso: dez. 2012)



Dia desses, depois de uma semana atribuladíssima de trabalho, resolvi “olvidar” minha condição proletária e gozar de breves momentos de entretenimento na noite de Gyn. Dotada do meu digno salto 15 e de cílios postiços que despertariam a inveja do mais espetaculoso transformista, segui serelepe em direção à tão almejada felicidade...
Tudo parecia perfeito: meus cabelos dourados balançavam tal como as madeixas das atrizes globais em propagandas de xampu, minha tez brilhava e até mesmo aquele culote, que insiste em habitar meu corpo, estava disciplinadamente contido em uma cinta recém-adquirida. Em suma: minha autoimagem naquele dia era da Barbie edição Malibu. O que parecia bom ficou incrível quando minhas amigas apontaram para o moçoilo mais garboso da festa e ele (pasmem!) estava olhando fixamente em minha direção.
Fiz ar de pouco caso, comecei a me movimentar lentamente (nos filmes é uma estratégia comum de sedução) e tratei de ir imediatamente ao toalete feminino para verificar meu “make”. Quando retornei ao salão de dança, munida de uma confiança não costumeira, iniciei uma performance “a la bailarina do Faustão” com todos os passos aprendidos durante as exaustivas aulas de zumba. Fiquei tão absorvida pela coreografia que sequer percebi a aproximação do charmoso rapaz. Depois de um giro digno de um solo da ginasta Daiane dos Santos, fiquei frente a frente com aquele Adônis do Centro-oeste. Passados breves instantes de estupefação, ouvi a seguinte pergunta:
- Será que não nos conhecemos de algum lugar? (Pensei: bonito, mas pouco imaginativo. Afinal, essa pergunta faz parte do modus operandi masculino desde o Paleolítico).
Enquanto, tentava disfarçar meu enfado e buscava uma resposta cortês, escutei um grito incontido:
- Nossa! Já sei! Você é a Tia Paula. Fui seu aluno no 9º ano. Como a senhora está, professora?
Resultado: até hoje recebo ligações de amigas que, depois de presenciarem a referida cena, tornaram a minha desgraça motivo de pilhéria e seguem gritando “Tia Paula” quando eu atendo as chamadas.
                  Diante dessa lembrança, mentalizo os versos de Henry Ward Beecher: nossos melhores sucessos vêm depois de nossas maiores decepções. Pois bem, o acaso já pode me enviar (no mínimo) um sósia do Ben Affleck para compensar o ocorrido... Sigo aguardando esperançosa. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

MARIA DO BAIRRO NO DIVÃ (PARTE III)


TEMA: A MORTE DO CONTRADISCURSO FEMINISTA?




       (Imagem disponível em < http://www.intoleravel.com.br/2011/07/28/feminismo-igualdade-ou-superioridade>. Acesso: nov. 2012) 


No decorrer da história, nós mulheres rompemos o silêncio e projetamos nossas reivindicações na esfera pública. Como resultado direto da nossa inserção no mercado de trabalho e do advento da pílula anticoncepcional (que permitiu a experimentação sexual desvinculada da procriação), as barreiras entre os gêneros foram derrubadas e o determinismo biológico que “engessava” os papeis sociais do homem e da mulher enfraqueceu. Entretanto, ainda hoje, mesmo nos círculos acadêmicos, persiste um conservadorismo hipócrita.

Reconhecemos a moda como uma construção social historicamente situada que, desde o as famosas saias volumosas e cinturas marcadas de Christian Dior até a incorporação dos clássicos trajes masculinos de Yvez Saint Laurent, proliferou distintas identidades femininas numa profusão de linguagens e contrastes. Entretanto, como bem resumiu Simone Beauvoir, os homens dizem ‘as mulheres’ e elas usam essa palavra para  designarem a si mesmas. Portanto, acabamos reproduzindo discursos chauvinistas que nos desvalorizam e anulam as conquistas históricas que já alcançamos. Libertamo-nos dos espartilhos, mas vivemos aprisionadas pelas amarras das conveniências e mascaramentos da sociedade.

Diante dessa reflexão e como fruto de experiências recentes, cabe aqui um esclarecimento: AINDA QUE ESTEJA USANDO UMA MINISSAIA ‘CRASH ANIMALE PRINT’ E UM SALTO AGULHA, ISSO NÃO SIGNIFICA LIVRE ACESSO AOS HOMENS, TAMPOUCO UMA AFRONTA ÀS DEMAIS MULHERES. Uso aquilo que quero e que é adquirido com a minha força de trabalho. Não vestirei trajes sacros para denotar pureza, nem me esconderei atrás de óculos de aros de tartaruga para sugerir intelectualidade. Se a valoração que me atribuirão for negativa, paciência! Para manter meu bem-estar e um convívio harmônico precisei aprender a lidar com a visão de mundo rasa de alguns...

Concluo com uma declaração de uma escritora francesa chamada Anaïs Nin que bem resume aquilo em que acredito: “Me nego a viver em um mundo ordinário como uma mulher ordinária. A estabelecer relações ordinárias. Necessito do êxtase. Não me adaptarei ao mundo. Me adapto a mim mesma”.
(Ana Paula Bacelar)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN (PARTE VIII)


episódio de hoje: Tolerância zero diante da frescura alheia 




















 (Imagem disponível em <http://wwwgiseleloira.blogspot.com.br/2012/02/tolerancia-zero.html>. Acesso: nov. 2012)


Ontem, enquanto declamava com lirismo os ingredientes e procedimentos para a "confecção" da minha receita nordestina de lagarto com  molho Sakura, fui interrompida por uma colega (não partícipe da conversa) que, ostentando uma expressão de horror e de asco, perguntou: 

- Nossa! Que nojo! Você corta aquela carne pingando sangue? Argh! 
Sem pensar duas vezes respondi: 
- Bem, você pode sugerir que ‘drenem” o boi antes de matá-lo... 
...
...
...
(silêncio) 

Confesso: Preciso firmar um compromisso mais sólido com a bondade e a tolerância.... Por isso, numa iniciativa bem intencionada, apresento aqui as sugestões para aqueles que não querem sujar as mãos na cozinha: 
A.(     )  Contratar uma empregada. 
B.(     )  Tornar-se vegetariana e evitar ingredientes vascularizados. 
C.(     )  Ligar para um restaurante e esquecer que o cozinheiro também lidou com o sangue (talvez enquanto enxugava exaurido o suor de sua testa). 
D.( X )  Parar de interferir na conversa alheia e dedicar seu tempo à digna manutenção de suas unhas de porcelana (eis a minha predileta).

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN (PARTE VII)


Episódio de hoje: Elemento possuidor de beleza impenetrável com síndrome de Adônis... 

Segundo o filósofo e historiador escocês David Hume, a beleza das coisas está o espírito daquele que a contempla. Pois bem, a história que segue comprova que, de fato, nem todos têm propriedade para reconhecer o que é belo...
Certa vez, enquanto discutia com alguns conhecidos o padrão de beleza na atualidade, fui surpreendida pela seguinte declaração:
- Ei, falando em beleza... Eita povinho feio esse do Nordeste, viu? Fui lá de férias e só vi dragão... (detalhe: a pessoa em questão aparentemente esqueceu que Fortaleza é uma capital nordestina). 
Nesse instante, dentro me mim foi travado um conflito entre meu temperamento herdado de meus antepassados cangaceiros e a polidez e o autocontrole que tenho tentado desenvolver no decorrer da vida. Repeti alguns mantras que aprendi recentemente, contei de 1 a 1.100 (numa rapidez digna de uma X-men) e ostentando o meu sorriso mais ensaiado, declarei:
- Caríssimo, darei a você uma sugestão: se beleza é o que busca em suas viagens, substitua os destinos nordestinos por São Paulo e frequente o Fashion Week.  
O “desavisado” ainda insistiu:
- Uai, a senhora ficou ofendidinha?
Aí meu compromisso com a bondade foi rompido. Perguntei num tom perigosamente calmo:
- Você fez essa ponderação sozinho, meu bem?
De súbito, ouvi:
- Sim.
E devolvi:
- Nesse caso não me ofendo. Quando tal declaração partir de alguém verdadeiramente agraciado pela beleza, começarei a me preocupar...
Moral: Se o seu reflexo é a única referência que possui, procure ser tolerante diante da falta de atributos alheios e evite fazer comentários preconceituosos. Afinal, os demais são obrigados a exercitar a benevolência com você diariamente...

Ainda é cedo...





Certo estava Cartola: o mundo é moinho! E, no seu trabalho constante e preciso, fragmenta sonhos e pulveriza ilusões. Alguns pensarão “quanto pessimismo!”. Eu, contudo, sempre que recordo desse verso, sinto rejuvenescidas as minhas esperanças e justificadas as minhas dores. Afinal, não esqueçamos que, ao moer a matéria-prima, o moinho sempre faz surgir um produto mais refinado e valoroso. Assim também é conosco. No fim, diante das frustrações e inevitáveis decepções, emergimos mais fortes e preparados para enfrentar os impiedosos ventos que alimentarão as hélices do engenho até o dia em que assistiremos impotentes ao findar de seu movimento... (Ana)

Para a minha querida amiga (e oráculo particular) Yani Rebouças.



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN - PARTE VI


Episódio de hoje: 
a linguagem figurada e a arte da conquista 
Autora: Ana Paula Bacelar

Desde os primórdios, as diferentes espécies buscam formas cada vez mais sagazes (e por vezes letais) de conquista. O homem aprendeu a usar, além de seus atributos físicos (nem sempre tão generosos) técnicas de atração que, não raras vezes, resvalam para os meandros da linguagem. Pois bem, o relato que segue é baseado em fatos reais (os nomes das personagens foram suprimidos para preservar a identidade dos envolvidos).

No ano de 2009, um avião monomotor foi roubado e, depois de sobrevoar setores abastados (num lance quase hollywoodiano), caiu no estacionamento do shopping Flamboyant, o maior da capital de Goiás. Na mesma semana, uma querida amiga foi a uma famosa boate e, enquanto sensualizava na pista de dança, foi abordada por um moçoilo que lançou a curiosa pergunta: 

- Você sabe me dizer onde estou? 

Confusa, ela respondeu: 

- Você está na Fiction (nome do local). Por quê?

Ele então disparou a pérola: 

- É que por um breve instante achei que estivesse no Flamboyant. Afinal, há um avião na minha frente... 

Resultado: o casal comemorou recentemente três anos de namoro. 

E eu que achava curioso o método de acasalamento das abetardas,  que para atrair suas parceiras, incham o peito, arqueiam as asas, inclinam a cabeça para trás e giram lentamente em torno do próprio corpo (ver foto). Parece que temos muito sobre esquisitices para ensinar aos demais animais....

Maria do Bairro no divã - parte II



TEMA DE HOJE: POR QUE OS HOMENS TEMEM MULHERES INDEPENDENTES?*

Uma dúvida me persegue nos últimos dias: será que os nossos anseios profissionais e as nossas expectativas afetivas são inconciliáveis? Escuto homens que declaram buscar fortaleza e independência nas mulheres com as quais se envolvem e, quando finalmente as encontram, sabotam o relacionamento e buscam refúgio nas mocinhas melindrosas e fúteis. Nesses momentos, lembro de uma polêmica frase de Charles Chaplin: AMO AS MULHERES, MAS NÃO AS ADMIRO. Homens querem comodidade e aceitam de bom grado dividir a conta (afinal, precisam demonstrar que são modernos e descolados) , mas não gostam de ter sua autoridade de “macho alfa” ameaçada. No fundo, a maioria prefere naturezas mansas e submissas, olhares acanhados e objetivos modestos e nada visionários. Não sabem lidar com uma mente feminina sagaz e com espíritos livres. E sabe o que é pior? Algumas de nós, no afã de encontrar a tão almejada felicidade, acabam oprimindo vontades, descartando desejos, enclausurando a própria alma e tornando seus algozes homens controladores e autoritários, que se utilizam da truculência e da suposta masculinidade para ocultar essências rasas, ideais hipócritas e corações levianos...

*Tema sugerido pela minha amiga Gabi Valério. 

domingo, 18 de novembro de 2012

Maria do Bairro no divã - parte I


INFORMATIVO DE UTILIDADE PÚBLICA:

Muitas vezes insistimos em relacionamentos que já agonizam e, para sustentar a ilusão de que ainda há salvação, simplesmente ignoramos os claros sinais que os 'machos alfa' dão quando não estão mais interessados ou quando alcançam um patamar de pretensão tão alto, que imaginam não ser mais necessário conquistar. Portanto, para preservar incólume o seu amor-próprio e evitar que ‘sambem’ na sua autoestima, observe os indícios que seguem:
       1. Se ele tem tempo para trabalhar, estudar e levar aquela “tia velha” para a rodoviária, mas NUNCA pode sair com você e se dispõe apenas a “visitá-la” em sua casa, é a primeira (e talvez mais significativa) pista do desinteresse dele pela sua companhia. Você pode até pensar: “se ele não me quisesse, sumiria”. A questão, caríssima, é que a mente masculina usa a fórmula da mega sena (segundo a qual ACUMULAR é sempre melhor).  
        2. Se ele exaltar as suas qualidades e, na sequência, adotar uma postura humilde apenas para dizer que não é a pessoa adequada para estar ao seu lado, não se engane! Esse papo de que “não é você, sou eu” é pura balela. Um homem quando quer, mesmo ciente de suas limitações, procurará convencê-la de que é a personificação de todas as qualidades citadas na canção do Roberto Carlos. Se necessário até cantará o irritante refrão “esse cara sou eu” (argh!).
       3.  Se você liga e ele não retorna ou demora dias para dar o ar de sua graça, a verdade é que ele NÃO QUER manter contato. Mesmo que o celular do moço seja Tim e, ainda que um cataclisma tenha assolado a região que ambos habitam, se houvesse um real desejo de falar com você, uma forma seria encontrada. Não precisaria nem de sinal de fumaça, nem de pombo-correio. Um simples sms ou uma mensagem in box já resolveriam a questão. Concorda?
      4. Se ele nunca apresenta ninguém do círculo de amigos ou familiares, não se trata de um “mecanismo de preservação da sua imagem diante da curiosidade e maledicência do mundo”. A questão pode ser assim resumida: ele não tem a menor pretensão de mantê-la em sua vida. Portanto, está resguardando a si mesmo de ter que explicar depois para os outros como se deu a sua “abdução”. Afinal, ele é prático e não pretende gastar seu arsenal de desculpas esfarrapadas desnecessariamente.
     5. Se ele já não faz a menor questão de tratá-la com cortesia e leva a vida a “curtir” fotos e tecer comentários dúbios no mural das “curicas face friends”, acredite: muito em breve você será apenas mais uma estatística. A temporada de caça já começou e, quando as ligações de madrugada cessarem, saiba: uma nova presa foi capturada.

Agora, reflita e responda: o objeto do seu interesse adota alguma dessas condutas (ou mais de uma em associação)?  Calma! Restam-lhe ainda duas opções: 
Número 1: continuar atuando como “girl toy”, vivendo de expectativas até o derradeiro dia.
Número 2: reconhecer o seu valor, dar a essa história o status de lembrança, deixar de procurar em você os motivos da falência dessa relação e dizer para si mesma: Ok, next!  

Quem teme a [des-]construção de si mesmo está enclausurado na mediocridade. (Ana Paula Bacelar)

Mais uma vez sobre os 50 tons...


Recentemente, fui advertida por tecer comentários sobre “50 tons de cinza” e, tendo em vista a minha natureza subversiva, resolvi voltar ao assunto e estender as minhas considerações. Aqueles que buscam um enredo bem engendrado devem fugir da trilogia de E.L. James. Sinceramente não compreendo o estardalhaço criado em torno desses livros. Há quem veja na natureza atormentada de Christian Grey e nas reações de Anastasia Steele um exemplo chauvinista de submissão. Considero isso uma falácia. Em tempos líquidos (nos termos de Bauman), quando nada é feito para durar, a ideia de um homem forte, apaixonado e protetor é um verdadeiro ópio para a mente feminina. Na prática, considero a obra moralista. Nela um indivíduo, que é a súmula do pecado na descrição e nos atos, projeta na conduta sexual os traumas vividos na infância. É a sensação do controle que o convence de que não voltará a ser indefeso e impotente como no passado. O sentimento que nutre pela jovem Ana, entretanto, desnuda sua fragilidade e as tão propaladas passagens ‘apimentadas’ se tornam cada vez menos frequentes na narrativa. Eis que surge o amor como redenção, libertando o protagonista de seus medos e traumas (nada mais romântico e piegas). Por fim, até mesmo a presença constante do sexo na narrativa não pode ser encarada como algo estarrecedor. Garanto que Anne Rice (ou Anne Rampling) com suas incursões no mundo sobrenatural delineia uma tensão sexual muito mais latente e ainda aborda em seus romances temas, tais como: homossexualismo, ateísmo, imortalidade e vaidade. Logo, diante de outras obras –menos badaladas pela mídia e aclamadas pelos círculos literários- os “50 tons” perdem a obscuridade e ganham a aura encantadora das cores do arco-íris.  

sábado, 17 de novembro de 2012

CALDAS COUNTRY 2012 E OS BALUARTES DA MORAL


Tem se tornado habitual a divulgação de registros de sexo explícito nas ruas e eventos realizados em Goiás. Mais do que a exposição de uma situação vexatória (para os envolvidos e aqueles que são submetidos a tais imagens), cada vez que isso ocorre, 'brotam' pilhérias e textos de teor religioso, moralista e, por vezes, até doutrinário nas redes sociais. Fui marcada (embora não compreenda o porquê) em vários posts e aviso que recusarei todos. Em primeiro lugar, porque não me interessa ver no meu mural o tempo todo aquela foto ridícula e, em segundo lugar, porque os comentários que a acompanham são falaciosos e hipócritas.O que ocorreu, infelizmente, é mais comum do que se imagina e creio que algumas pessoas protagonizam cenas assim para ter notoriedade (ainda que negativa). Não critico o evento, pois dele jamais participei, tampouco resumo o Caldas Country ao que houve. Portanto, vamos deixar para as autoridades policiais o zelo pela moralidade e a responsabilidade de aplicar os rigores da lei àqueles envolvidos nos atentados violentos ao pudor. Não gosta do Caldas Country? Fica horrorizado diante do desapego às convenções morais supostamente promovido pela festa? É simples: não vá! 
Será que agora podemos mudar de assunto? #entediada

AMANHECER - PARTE II (CREPÚSCULO)


O último filme da saga de Stephanie Meyer traz uma cena digna de reflexão: segundo Bella Swan, o aparecimento de vampiras brasileiras (Zafrina e Senna) é sinal de que o clamor dos Cullen chegou até OS MAIS
 LONGÍNQUOS LUGARES... E eu que achei que morasse em um país em franca expansão no cenário internacional e situado, em 2012, como a sexta maior economia do mundo... É revoltante perceber que escritores estrangeiros e roteiristas famosos continuam retratando de modo estereotipado a nossa pátria. Como se todos nós usássemos trajes diminutos, sambássemos durante todo o dia e dividíssemos os espaços com macacos e onças que transitam livremente pelas ruas. Sim, vivemos em uma selva e temos que conviver com muitos 'animais' alguns dos quais não têm sido visto pq estão ocupados em solo norte-americano, escrevendo textos para as próximas produções cinematográficas hollywoodianas... #prontofalei (Bacelar)
p.s. Vale ainda ressaltar que as vampiras tupiniquins surgem com um visual a la 'avatar' (esqueceram apenas de pintar o corpo com tinta guache) e que o índio 'made in Amazônia" , embora pareça ter sido teletransportado do século XVI, muito se assemelha a uma equilibrada mistura de Conan (o bárbaro) com o Mister Fitness (UI!)...

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN - PARTE V



Episódio de hoje: Como lidar com um metido a besta. 

Durante uma explanação gramatical, fui interrompida por um indivíduo 'teen' que, com um ar de claro desdém, perguntou: 
- 'Fessôra', tenho uma dúvida: por que o povo do Ceará tem a cabeça tão grande? Parece uma jaca...
Enquanto a tensão tomava conta dos colegas e ele sorria saboreando seu breve triunfo diante da minha estupefação, recuperei o prumo e respondi:
- Caríssimo, essa é fácil. A cabeça do cearense é grande a fim de comportar toda a paciência e discernimento necessários para filtrar preconceitos idiotas e ainda tolerar esse tipo de pergunta...
Eis que o largo sorriso do Coringa foi substituído por uma espécie de arremedo de Monalisa...

*Baseado em fatos reais.

Comentário sem medo de retaliações acadêmicas

Li a trilogia de E. L. James e, embora, em termos gerais, o considere uma versão "hot" dos romances da Nova Cultural (Bianca, Sabrina e afins), devo confessar que Christian Grey me conquistou. Despido da aura de perfeição dos tradicionais heróis românticos, o protagonista é a personificação do Macho Alfa (sedutor, poderoso e- pasmem!- atormentado). Alguns têm espasmos quando leem porque consideram a obra uma afronta às conquistas femininas. Qual o quê! Essa discussão sociológica extraída de best sellers me cansa.... Tais livros não precisam de profundidade literária e sim de apelo mercadológico. Nesse aspecto, "50 tons de cinza", "50 tons mais escuros" e "50 tons de liberdade", cumprem muito bem o seu papel. Sim, o "mocinho" é um dominador, sádico e controlador. Em contrapartida, é lindo, tanto ouve "Kings of Leon" como música clássica, toca piano, sabe sempre que vinho escolher, oferece as primeiras edições de clássicos literários à amada e é apresentado como uma espécie de "divindade da alcova". Confesso: diante de tantos atributos, conviveria de bom grado com cada uma das "cinquenta sombras"...

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN - PARTE IV


Episódio de hoje: Como colocar uma curica oferecida no seu lugar...

Durante um agradável jantar, uma moça - trabalhada na maldade e dotada de um mega hair de gosto duvidoso-, comenta com o meu então 'digníssimo': 

- Noooooossa! Sua namorada é do Ceará??!! Você foi procurar mulher longe demais. Bem que poderia ter olhado melhor por aqui mesmo... 

Sem sequer d
ar a chance para que ele respondesse, de imediato disse:

- Caríssima, a explicação é simples: isso se chama escassez de produtos de qualidade no entorno. Entende? Quem quer o melhor vai buscá-lo. Onde quer q ele esteja. Quanto a distância, não se preocupe. Qualquer promoção em 10X da Gol permitirá q você descubra o óbvio: o Ceará não é tão longe assim... (RENSGA!)

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN - PARTE III


Episódio de hoje: Pupila de Seu Lunga

Tão logo me vê, um adolescente "jocoso" com ar desdém dispara:
- Ana, 'cê' é lá do Nordeste, né? Então gosta de comer tatu e calango certeza... 
No mesmo tom respondo:
- Não. Por quê? São iguarias costumeiramente servidas na sua cs?
...
...
...
(Silêncio)

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN - PARTE I


A vendedora de uma conhecida loja exclama: 
- Que sotaque lindo! De onde você é?
Orgulhosa respondo:
- Sou cearense. De Fortaleza. 
A moça lança então a seguinte pérola:
-Nossa! Jamais desconfiaria. Você é bonita e elegante demais! Nem parece nordestina....
Será que ela perdeu a venda???

MEU ÍDOLO TEM PÉS DE BARRO...

Cresci ouvindo a "falecida" dupla Sandy&Júnior, cheguei a acreditar que eles formavam uma só entidade e que eram filhos de Chitaozinho e Xororó (bizarro). Contudo, sou obrigada a dizer: q porcaria de música é "Aquela dos 30"???? Trata-se da visão mais apocalíptica do inevitável e digno processo de envelhecimento e amadurecimento humano. O refrão é irritante, a analogia com os dias da semana é ingênua e a letra carece de lógica interna. Confesso: prefiro ouvir "o q é imortal não morre no final". Se a Sandy quer ser a eterna "Maria Chiquinha" e habitar a Terra do Nunca (manifestação feminina da Síndrome de Peter Pan?), paciência! Mas tenhamos dignidade, Sandy Leah! Leia Balzac, flor! Saiba que, aos 30 anos, a mulher sabe se vestir; domina a arte de valorizar os pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar; carrega um olhar muito mais matador quando quer e finge indiferença com muito mais competência se deseja repelir. Em suma: aos 30, a mulher goza plenamente das prerrogativas da condição feminina. Portanto, cresça e tire a máscara blasé... E há quem chame isso de MPB (argh!) De fato: É FANTÁSTICO!

INSURRETO



Como resguardar um coração que teima em ser libertário? Se tento protegê-lo, se rebela, dilata e enrijece. Quer, cada vez mais, absorver sentimentalidades. Não adianta machucá-lo, doutriná-lo ou reprimi-lo. Rebelde. Insano. Persistente. Incólume, apesar dos golpes contra ele desferidos. São vãs as tentativas de impor limites ou versar sobre racionalidades. É um coração que abraça a insanidade e segue... (Ana Paula Bacelar)

ABANDONE ILUSÕES. ARQUITETE A REALIDADE.



Não raras vezes enaltecemos pessoas medíocres e damos à histórias falidas e obsoletas as vestes de nossos devaneios. Deixamos que a ilusão obscureça nosso discernimento e alicerçamos sonhos em terrenos movediços. A ânsia pela perfeição do que buscamos é tão intensa que, mesmo diante do desvendamento da verdade, agarramos uma esperança vã e teimosamente persistente. Um dia, contudo, o encantamento se desfaz. Passamos a ver a pequenez e o vil caráter daquele que antes era o objeto do nosso cego amor. Eis o momento da epifania. É chegado o instante da libertação. Não lamente os projetos não realizados. Sinta-se grato à Providência Divina. Afinal, como sabiamente enunciou o poeta francês Sébastien-Roch Chamfort: " o prazer pode apoiar-se sobre a ilusão, mas a felicidade repousa sobre a realidade..." (Ana Paula Bacelar)

" NÃO ALICERCE SONHOS EM TERRENOS MOVEDIÇOS!"(Ana Paula Bacelar) 

LUAR

Ando tão refém dos meus desejos... Aparentando fortaleza e admoestando minhas ações. Tentando equilibrar dois elementos inconciliáveis: um coração que teima em amar e uma realidade que não tarda em decepcionar. (Ana Paula Bacelar)
Costumo dizer que a autoilusão é o primeiro passo para a felicidade. Ela nos mantém sãos, embora também nos induza a cometer o erro de nos julgarmos mais espertos do que realmente somos. Cabe, pois, a pergunta: é melhor experimentarmos o êxtase advindo do engano ou vivermos continuamente no vazio da racionalidade? (Ana Paula Bacelar)

Em algumas circunstâncias, DESISTIR é o mais seguro, RECUAR é o mais prudente, CALAR é o mais sábio e SUSTENTAR tal postura é o mais terrivelmente difícil..." (Ana Paula)


Dissimulação

O verdadeiro bom-caratismo não precisa ser alardeado. Ele emana de nossas ações. Não esqueçamos que, como bem enunciou Shakespeare, até mesmo o diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém... 
(Ana Paula Bacelar)


Derradeiro...

Para Mario Quintana, o passado não reconhece o seu lugar e está sempre presente. Verdade maior não há. Aquilo que vivemos paira incessante ao nosso redor. O pior é que algumas lembranças são cruelmente vívidas. Ainda que sejam superados os sentimentos e mesmo que as algumas pessoas já não façam parte do nosso convívio, as cicatrizes sempre estarão aqui. Rasgando a pele e queimando o espírito... Que bom seria se pudéssemos deixar tudo para trás. Esquecer as dores que nos causaram, relevar as mentiras que nos contaram, reaver as ilusões que nos foram tiradas... Infelizmente não podemos subtrair o que a memória teima em impor. É a nossa bagagem emocional. As frustrações que nos proporcionam a resiliência que fortalece. A Ana de hoje não é a mesma de outrora. Sou mais cética e menos feliz. Contudo o que realmente importa é que agora, ao visitar o passado, chego à conclusão de que não desejo habitá-lo novamente. De lá tenho recordações, mas já não sinto saudades... (Ana Paula Bacelar)