TEMA: A MORTE DO CONTRADISCURSO FEMINISTA?
(Imagem disponível em < http://www.intoleravel.com.br/2011/07/28/feminismo-igualdade-ou-superioridade>.
Acesso: nov. 2012)
No decorrer da história, nós
mulheres rompemos o silêncio e projetamos nossas reivindicações na esfera
pública. Como resultado direto da nossa inserção no mercado de trabalho e do
advento da pílula anticoncepcional (que permitiu a experimentação sexual
desvinculada da procriação), as barreiras entre os gêneros foram derrubadas e o
determinismo biológico que “engessava” os papeis sociais do homem e da mulher
enfraqueceu. Entretanto, ainda hoje, mesmo nos círculos acadêmicos, persiste um
conservadorismo hipócrita.
Reconhecemos a moda como uma construção
social historicamente situada que, desde o as famosas saias volumosas e cinturas
marcadas de Christian Dior até a incorporação dos clássicos trajes masculinos
de Yvez Saint Laurent, proliferou distintas identidades femininas numa
profusão de linguagens e contrastes. Entretanto, como bem resumiu Simone Beauvoir,
os homens dizem ‘as mulheres’ e elas usam essa palavra para designarem a si
mesmas. Portanto, acabamos reproduzindo discursos chauvinistas que nos
desvalorizam e anulam as conquistas históricas que já alcançamos. Libertamo-nos
dos espartilhos, mas vivemos aprisionadas pelas amarras das conveniências e
mascaramentos da sociedade.
Diante dessa reflexão e como fruto de
experiências recentes, cabe aqui um esclarecimento: AINDA QUE ESTEJA USANDO UMA
MINISSAIA ‘CRASH ANIMALE PRINT’ E UM SALTO AGULHA, ISSO NÃO SIGNIFICA LIVRE
ACESSO AOS HOMENS, TAMPOUCO UMA AFRONTA ÀS DEMAIS MULHERES. Uso aquilo que
quero e que é adquirido com a minha força de trabalho. Não vestirei trajes
sacros para denotar pureza, nem me esconderei atrás de óculos de aros de
tartaruga para sugerir intelectualidade. Se a valoração que me atribuirão for
negativa, paciência! Para manter meu bem-estar e um convívio harmônico precisei
aprender a lidar com a visão de mundo rasa de alguns...
Concluo com uma declaração
de uma escritora francesa chamada Anaïs Nin que bem resume aquilo em que acredito: “Me nego a viver em um mundo ordinário como uma mulher ordinária. A
estabelecer relações ordinárias. Necessito do êxtase. Não me adaptarei ao
mundo. Me adapto a mim mesma”.
(Ana Paula Bacelar)




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