segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

CRÔNICAS DE UMA CEARENSE EM GYN - PARTE IX



Episódio de hoje: “Nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que brilha é diamante!”

(Imagem disponível em http://www.alturasepesos.com.br/letra-b/172-altura-e-peso-de-ben-affleck.html. Acesso: dez. 2012)



Dia desses, depois de uma semana atribuladíssima de trabalho, resolvi “olvidar” minha condição proletária e gozar de breves momentos de entretenimento na noite de Gyn. Dotada do meu digno salto 15 e de cílios postiços que despertariam a inveja do mais espetaculoso transformista, segui serelepe em direção à tão almejada felicidade...
Tudo parecia perfeito: meus cabelos dourados balançavam tal como as madeixas das atrizes globais em propagandas de xampu, minha tez brilhava e até mesmo aquele culote, que insiste em habitar meu corpo, estava disciplinadamente contido em uma cinta recém-adquirida. Em suma: minha autoimagem naquele dia era da Barbie edição Malibu. O que parecia bom ficou incrível quando minhas amigas apontaram para o moçoilo mais garboso da festa e ele (pasmem!) estava olhando fixamente em minha direção.
Fiz ar de pouco caso, comecei a me movimentar lentamente (nos filmes é uma estratégia comum de sedução) e tratei de ir imediatamente ao toalete feminino para verificar meu “make”. Quando retornei ao salão de dança, munida de uma confiança não costumeira, iniciei uma performance “a la bailarina do Faustão” com todos os passos aprendidos durante as exaustivas aulas de zumba. Fiquei tão absorvida pela coreografia que sequer percebi a aproximação do charmoso rapaz. Depois de um giro digno de um solo da ginasta Daiane dos Santos, fiquei frente a frente com aquele Adônis do Centro-oeste. Passados breves instantes de estupefação, ouvi a seguinte pergunta:
- Será que não nos conhecemos de algum lugar? (Pensei: bonito, mas pouco imaginativo. Afinal, essa pergunta faz parte do modus operandi masculino desde o Paleolítico).
Enquanto, tentava disfarçar meu enfado e buscava uma resposta cortês, escutei um grito incontido:
- Nossa! Já sei! Você é a Tia Paula. Fui seu aluno no 9º ano. Como a senhora está, professora?
Resultado: até hoje recebo ligações de amigas que, depois de presenciarem a referida cena, tornaram a minha desgraça motivo de pilhéria e seguem gritando “Tia Paula” quando eu atendo as chamadas.
                  Diante dessa lembrança, mentalizo os versos de Henry Ward Beecher: nossos melhores sucessos vêm depois de nossas maiores decepções. Pois bem, o acaso já pode me enviar (no mínimo) um sósia do Ben Affleck para compensar o ocorrido... Sigo aguardando esperançosa. 

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