Episódio de hoje: Meu mundo caiu...
Já
dizia o célebre filósofo inglês Francis Bacon: “A discrição é para a alma o que o pudor é para o corpo”.
Compreendi tal pensamento no último sábado, quando minha alma foi profanada e o
meu corpo padeceu das consequências nefastas de uma fatalidade presenciada por
muitos. Segue o relato de uma noite impactante (literal e figurativamente):
O final de semana foi programado com esmero e
aguardado com grande expectativa, pois seria a comemoração de aniversário de
uma cara amiga. Às onze da manhã, estava estática enquanto meu ‘personal hair
stylist’ retocava o tom ‘blond’ de minhas madeixas e minha manicura polia unhas
de porcelana recém-adquiridas.
Cerca de três horas depois, eu já ostentava um
look loiro Malibu que deixaria Pamela Anderson enrijecida de inveja. Para
tornar a preparação ainda mais movimentada, encontrei, na casa da
aniversariante, outras cinco amigas e começamos a “Operação Macgaver” de
maquiagem e vestuário. Parecia back stage de SPW, com muitos adereços e apenas
um espelho (disputado quase a tapas pelas moçoilas em seu afã de tornar mais
apresentáveis figuras já belas e atraentes).
No alto do meu salto 15 e serelepe em um vestido
all-in-one (daqueles que simulam saia e blusa), segui com as meninas para o
nosso destino habitual: Santa Fé Hall, a mais famosa boate sertaneja da capital.
Observávamos os agroboys movimentarem desajeitadamente o corpo (uma versão
bizarra de Locomia country) e as curicas espetaculosas com mega hair de fios de
nylon, maquiagens de boneca inflável e roupas possivelmente surrupiadas de suas
irmãs infantes (daquelas que de tão diminutas deixam pouco para a imaginação)
caminharem em busca de um alma caridosa disposta a lhes oferecer um combo de
Old Parr.
Do camarote, acompanhava toda a movimentação e,
depois de uma breve participação especial na pista de dança (com direito a giros
performáticos e o famoso “salto da gazela”), resolvi abraçar o anonimato. Permaneci
quieta, melancólica e introspectiva por preciosos minutos. Meu pensamento voou
embalado por pérolas da música sertaneja (tche re tche tche, bará bará bará e
Tchu tchu tcha). Levantei para falar com uma amiga e, num lance hollywoodiano,
tal como o Titanic me deparei com uma barreira glacial (em proporção obviamente
menor). Em suma: escorreguei em uma pedra de gelo e caí sem o menor glamour. Aqueles que
não assistiram à queda certamente a ouviram, pois numa tentativa mal sucedida
de salvação agarrei a mesa e acabei levando comigo ao chão copos e até uma
garrafa. Dez minutos depois, ainda estava presa ao solo pela força da gravidade
e intensidade da dor.
Resultado: fui amparada pelos amigos, segui para
casa de táxi e ainda não sei definir o exato local que dói, pois
democraticamente as demais partes do meu corpo aderiram ao sofrimento. Não
adianta contudo chorar pelo tombo presenciado. Como bem cantou Maysa : “Se meu
mundo caiu, eu que aprenda a levantar”. Pois bem, sigamos....

Ana, minha cara, nao consegui segurar um riso que escapou pelos cantos dos labios....rs
ResponderExcluirSeu riso e meu drama, cara Luciana... rs
ResponderExcluir